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Lá no início dos Anos 2000 eles eram o supra-sumo da moda, impulsionado por celebridades teen como Britney Spears e Beyonce. E foi bem nesta época que eu e milhares de mulheres colocamos o piercing no umbigo.

O tempo passou e de protagonista do visual eles acabaram em último plano, escondidos debaixo de muito tecido, após anos e anos em que a moda pregava que a barriga de fora era a coisa mais ridícula do mundo e estava terminantemente banida. Agora, com a moda dos croppeds, eis que a barriga começou aparecer de novo. E, mesmo que sem querer, o cós da calça começou a descer, ainda que timidamente, porém o suficiente para o umbigo ver a luz do dia novamente. Daí, nos deparamos com aquele objeto “estranho” em nossa barriga. Aposto que não só eu, mas muita gente deve até ter esquecido que usava piercing no umbigo. O que fazer com o bendito (ou maldito) então?

Há quem não tenha hesitado e aproveitou a oportunidade para extirpar o acessório de vez. Ainda mais com a pressão da moda atual, que diz que não há nada mais brega do que piercing na barriga.

Porém, eu resolvi que não ia tirar o meu. Eis os motivos:

  • Se ele passou mais de uma década na minha barriga e eu não tive nenhum problemas com ele, para que tirar algo que não me causa desconforto algum? Não me ocasionou problemas de saúde e já está mais do que cicatrizado, completamente integrado ao corpo.
  • Quando coloquei o artefato foi por gostar de verdade e me sentir bem com ele. Apesar da época, não fui impulsionada por nenhuma modinha ou tendência. Então, não vale a pena arrancar o piercing só porque “dizem” que é feio ou cafona, se eu simpatizei com ele desde o primeiro instante.
  • Uso daqueles modelos simples, só uma bolinha discreta (você pode vê-lo na minha foto acima), sem penduricalhos e cores chamativas. Me pergunto: qual o potencial de destruição no visual que uma coisinha dessas pode ter? Juro que não vejo problemas nem nada demais com a presença dele. Na verdade, acho que estou tão acostumada que nem faz diferença.
  • Mesmo o argumento de estar fora de moda não faz sentido. Uma coisa pode ser completamente hoje e absurdamente in daqui a um mês. Aliás, pode ser in e out simultaneamente, como já vi blogs abominarem um acessório enquanto outros exaltam. Inclusive, já vi o mesmo blog abominar num dia e endeusar no dia seguinte (quem escreve blog de moda sabe — e isto me inclui: mudar de opinião e se contradizer é praticamente lei). Por isso, em relação o que eu uso ou deixo de usar, o que vale é a minha opinião, não o que dizem por aí.
  • Deve haver alguns casos em que o umbigo fica mais bonitinho com a remoção do piercing, mas eu ainda não soube lidar com isso. Principalmente, com o fato de ter um buraquinho que nunca irá fechar na minha barriga, depois de tantos anos de uso (alguém aí já tirou e pode me contar como ficou?).
  • Após usar algo por mais de uma década, simplesmente me sinto incompleta ao olhar para minha barriga sem o piercing. Ok – se fosse preciso, eu até poderia me acostumar a ficar sem. Mas a questão é que até agora não existiu essa necessidade.
  • Quando voltar à moda, o que — nunca se sabe — poderá acontecer antes do imaginado, já terei o meu. (hahaha, esse item foi brincadeirinha).

Ah, sim, já deixo bem claro. Ninguém nunca falou nada a mim (pelo menos diretamente) ou sugeriu que eu deveria tirar o meu piercing. Quis só expressar minha opinião em relação ao tema, que vira e mexe vem à tona por aí.

E, é claro. Quem teve e quis remover o piercing tem tanta razão em seus motivos quanto eu, que optei por permanecer com o meu. Mesmo porque, cada um cuida do seu… umbigo!

E você, também tem ou teve piercing? O que resolveu fazer com ele?

shyness

Você fala alto, gesticula exageradamente, faz piadinhas sobre qualquer coisa. Não tem vergonha de vestir o que der na telha, assume seu estilo (o que inclui até roupas e acessórios extravagantes). Canta na rua, no elevador e até dança se precisar. Sorri para as pessoas e puxa papo com estranhos na fila do mercado, do café. Na escola, os professores sempre o consideraram um pessoa bem desinibida (até demais da conta) assim como seus pais e familiares.

Esta é a minha descrição. A típica descrição de uma pessoa extrovertida. E é o que eu acreditei ser até então, pois como cresci assim, não faria sentido ser outra coisa. No entanto, de uns tempos para cá, eu comecei a prestar mais atenção no que as pessoas do meu convívio atual diziam sobre mim. E foi um choque descobrir que muitos me consideravam absolutamente o oposto do que eu acreditava ser.

De um tempo para cá, ouvi bastante “Joy, achava que você era metida antes de te conhecer” ou “você tinha um jeito reservado, como se evitasse proximidade” ou ainda “nunca ia imaginar que você era tão brincalhona e espevitada assim” e outras coisas do tipo. Como pode? O mais incrível é que todas essas pessoas são amigas das quais gosto muito e sempre curti a companhia. Até no começo, quando não tínhamos tanta intimidade e eu só estava quietinha, esperando meu momento de perder a vergonha e me sentir segura para poder interagir e …

EPA! Para tudo! Eu, que nunca me considerei retraída, acabei de falar em ter vergonha e necessitar de mais intimidade para ter coragem de interagir com os outros. Isso não tem nada a ver com a descrição de uma pessoa expansiva. Não seriam esses exatamente esse os traços de uma pessoa tímida?

Matei a charada: sou tímida. Só não tinha me dado conta disso. E não sou pouco tímida. Sou bem tímida mesmo, daquela que não consegue nem balbuciar uma palavra na rodinha de bate-papo se não conhecer profundamente seus componentes.

E o pior não é ser tímida. É ser, muitas vezes, mal interpretada. Timidez pode ser confundida outras coisas, inclusive com altivez ou arrogância.

Imagina só, eu, grandona (para quem não sabe, sou alta) e sempre vestida “diferente”, chegando nos lugares e rapidamente indo em direção um cantinho para me abrigar, dando um breve oi só para as pessoas que conheço. Quem não sabe como sou, pode muito bem pensar: “aff, que menina metida, não quer papo, não dá trela para ninguém!”. Só que o que ocorre internamente é exatamente o contrário. Lá no fundo estou eu, vendo todo mundo confraternizar e morrendo de vontade de participar, porém contida por uma vergonha imensa e um sentimento de “ai, será que eles querem falar comigo?” ou “será que não vou me intrometer?”. Para mim, a convivência social muitas vezes parecem um eterno jogo de pular corda, no qual eu nunca sei a hora de entrar.

Outro caso corriqueiro: a pessoa vem puxar papo e me inclui no grupinho da conversa, mas eu sempre acho que estou sobrando ou que se eu abrir a boca vou falar asneira demais. Até permaneço no meio, como uma estátua. Raramente digo alguma coisa, só escuto e concordo com a cabeça. Pareço até aqueles cachorrinhos de colocar no carro, sabe? Devem me achar uma baita duma chata ou alguém que não gosta de dividir coisas e experiências. Mas socorro, é o inverso! Eu quero muito conversar, brincar, rir e me relacionar com todo mundo, mas a tal da timidez (que eu não sabia que tinha) só me atrapalha. O que parece falta de interesse, convencimento e antipatia, na verdade é só eu lá ansiosa por dentro, esperando só um momento propício, de terreno seguro, para começar expressar minhas opiniões e deixar transparecer meus trejeitos.

Aí vem outra pergunta: como pode alguém que cresceu como a rainha da extroversão ter se tornado tão tímida? E o mais curioso: como pode a mesma pessoa ser considerada extremamente brincalhona, piadista e desinibida por alguns e tão quietinha e “na dela” por outros?

Bem, talvez uma psicóloga consiga responder essa pergunta melhor, mas eu chutaria que no meu caso este comportamento remonta a uma fase que passei lá no início da adolescência, em que sofri um bullying cruel e sangrento ao mudar de colégio. Resumindo (bem resumidamente mesmo): cheguei toda feliz, saltitante e “eu”, de coração aberto e levei um baita de um cartão vermelho, que me fez repensar duas vezes antes de me expor ao chegar em um ambiente novo. Vendo hoje, foram só bobeirinhas sem sentido e importância, mas na época, para a minha estrutura, foi devastador. Desde então, minha vida tem sido vivida totalmente na defensiva. E totalmente contra a minha vontade, pois prezo mais do que nunca a naturalidade e espontaneidade nas atitudes (creio que este meu lado permaneceu forte, somente as relações interpessoais foram afetadas — infelizmente).

Nunca fiz terapia, nunca trabalhei o ocorrido. Só agora, muitos anos depois, é que fui perceber o que este episódio pode ter ocasionado em minha vida. Mas OK gente, eu estou muito bem… é só essa timidez que incomoda!

A parte boa é que, se eu detectei esse traço em mim, agora terei a possibilidade de fazer algo a respeito. Sei que esta não é uma barreira que se quebra tão fácil assim, mas pode ter certeza que vou procurar melhorar. Não quero mais deixar de aproveitar nada por isso. Afinal, o que é a vida senão a surpresa da convivência com as pessoas que ela nos apresenta?

Alguma tímida (ou não tímida) de plantão pode me dar umas dicas?

Há alguns minutos li numa dessas mensagens compartilháveis do Facebook a seguinte frase: usar bolsa Louis Vuitton no ponto de ônibus não combina. Fui dominada por uma raiva tão grande que tive que vir despejar aqui em forma de texto.

Não me conformo em ter que viver num país onde muitas pessoas ainda tenha uma mentalidade tão limitada como essa! É a antiga sociedade de castas, do eu tenho você não tem, do eu posso você não pode. Em primeiro lugar, é ridícula a ideia de que alguém é melhor só porque usa um produto de uma marca X ou Y. Mas nem é isso que me incomoda tanto. É o fato de alguém ainda atribuir que usar bolsa Louis Vuitton é coisa de rico e andar de ônibus é coisa de pobre (e ainda achar isso bonito).

“Queridinha”, coisa de rico é ter escolha! É poder decidir se quer ir de carro, de metrô ou de ônibus, pois todas são opções seguras e plausíveis, como acontece nos tais países chamados de desenvolvidos. É não ser obrigada a se esconder no blindado porque tem medo de morrer se sair com suas coisas na rua. Riqueza seria ter metrô de fácil acesso chegando a todos cantos da cidade e ônibus passando aos montes, num trânsito que flui. Riqueza seria desfilar com seu óculos Miu Miu no ponto de ônibus sim, porque você mora num país onde todo mundo que trabalha, seja lá em qual cargo, recebe salário justo e tem condições de comprar o que bem entender (alguns mais e outros menos, mas nada é completamente inacessível para ninguém). Infelizmente, tudo isso tão distante da nossa realidade, onde o básico falta a maioria da população.

Ah! Inversamente, riqueza também é usar a bolsa C&A no restaurante luxuoso, sem medo do que vão dizer, simplesmente porque você gostou e se sentiu bem com ela. E é poder entrar na loja “de grife” sem ser medido das cabeças aos pés.

Muitas pessoas com um poder aquisitivo considerável têm mania de se considerar alheios ao povo e acreditam que não devem nem precisar dividir o espaço com este “tipo” de pessoa. E o pior: se orgulham disso! Agora me diga, como querem viver em um país melhor quando há um desejo mórbido de que a maior parte da população fique na pior, só para se sentirem privilegiados? Enquanto as pessoas se vangloriarem de poder “se safar” de estar no transporte público, ao invés de ficarem triste por não se sentirem seguros para usufruir, nada terá jeito. Mais lamentável ainda é não enxergarem este e outros serviços oferecidos pelo governo como seu próprio patrimônio. E perceberem que, ainda que nunca quisessem pisar num ponto do ônibus, também se beneficiariam se o serviço funcionasse com dignidade.

Como eu disse, riqueza é liberdade, riqueza é opção. Portanto, a próxima vez que nos depararmos com alguém usando uma LV no ponto de ônibus, ao invés de usarmos o preconceito para julgar que é falsificada, deveríamos botar a mão na consciência e aplaudir, pois pode muito bem ser alguém com maturidade suficiente para optar por utilizar o transporte público quando lhe foi mais propício, ao invés de botar mais um carro na rua, ocupando as vias já saturadas.

No mais, acreditar que usar bolsa da Louis Vuitton no ponto de ônibus não combina é a maior pobreza viu? Pelo menos, pobreza de pensamento.

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