Queridas leitoras (e leitores), sinto-lhes informar que fui abduzida e está difícil de voltar à Terra. Sim, a Netflix me sequestrou e não estou conseguindo reunir forças para fugir de meu algoz.
Não fui eu quem assinei, tampouco pedi. Um dia desses, há poucos meses, quando tive vontade de ver um filme qualquer na TV, meu marido me perguntou: “Por que não vê na Netflix?”. E eu disse: “Eita, nem sabia que a gente tinha isso” (o que era a mais pura verdade). Lógico que sabia do que se tratava, mas não dei muita bola. Então ele disse: “Você pode ver filmes e séries também, já criei um perfil pra você”… e eu fingi que não era comigo, pois uma palavra muito perigosa havia sido pronunciada: SÉRIES.
Não posso ser considerada uma viciada em séries… justamente porque fujo delas. Game Of Thrones? Não vi. Gossip Girls? Walking Dead? Tampouco! Nunca assisti nada do que é muito comentado. Evito ver justamente porque sei que se começar a vê-las, eu viro o próprio zumbi que não consegue fazer outra coisa além disso. Porém, tenho um ponto fraco: tramas épicas. E a maldita Netflix sabe como nos fisgar, analisando nosso comportamento e gostos por meio do que assistimos em nosso perfil. E não demorou muito para que percebesse que sagas históricas, principalmente medievais, baseada em fatos reais, seriam irresistíveis aos meus olhos. Cai certinho na armadilha, como esperado!
O problema é que não é só uma série com o tema, são centenas! E vão além de Borgias e The Tudors, muitas delas são desconhecidas, porém melhores ainda do que as que ganharam fama. E cada série, além de inúmeros capítulos em cada temporada, ainda têm continuações. Ou seja: é um beco sem saída! Ou melhor, um círculo vicioso. Acaba uma, começa outra. Seria até fácil fazer uma maratona para terminar de ver logo uma série que gosto muito, mas de nada adiantaria, já que ao final dela seriam sugeridas trocentas outras do mesmo tipo. Que, invariavelmente, começarei a ver e gostarei também.
Enfim, essa é minha realidade no momento. Ou minha ausência de realidade, já que vivo em meio a papas, monarcas, súditos, castelos e campos de batalha. Mesmo que na minha cabeça passem trocentos planos e ideias de coisas legais a se fazer aqui, no século XXI, estou presa em algum calabouço que a Netflix me colocou injustamente, sem direito à defesa. Por enquanto, só me resta fazer uma listinha de desejos para realizar no mundo lá fora, como todo prisioneiro faz em seu cárcere. Quem sabe um dia seja resgatada da torre…