Li uma frase muito sábia esses dias: “as pessoas querem te ver bem, mas nunca melhor que elas”. A primeira análise tendi a concordar, mas com um pouco de reflexão logo surgiram ressalvas. Não seria cruel demais crer que vivemos num mundo onde sua felicidade e bem estar incomodam, mesmo que sem querer? Além do que, não soaria um pouco convencido, egoísta e até vitimista achar que todos querem te ver pelas costas, sem mais nem menos, como se não existissem coisas mais importantes para se preocuparem na vida do que com você?
O que acontece então nesse planeta? O que gera tanta hostilidade gratuita (essa sim, cuja existência não podemos negar)?
Minha cabeça não parou até eu chegar a uma explicação plausível: a convivência entre as pessoas é uma guerra de egos. E não por nossa vontade, é porque simplesmente todo mundo precisa ver sua estrela brilhar. Todo mundo quer se afirmar, se sentir bem, se sentir amado. É a sobrevivência! E, a princípio, não há nada de errado nisso, todos tem o direito de se sentir bem e feliz.
A questão é que tudo isso acontece em um mundo com muitas regras, várias imposições. Normas criadas para tentar regulamentar esse desejo do ser humano de estar acima, de ter, de possuir. Seja permitindo ou limitando, afinal, um certo balanço tem que ser mantido.
Porém, em uma realidade onde já recebemos um roteiro pré-estipulado de tudo que é certo ou errado, muitas inseguranças surgem. Será que eu posso fazer isso? Será que é certo? Eu quero… mas será que vão aprovar?
Alguns tem coragem e dão sua cara a tapa nessa sociedade. Muitos o fazem na inocência, outros enfrentam demônios pessoais e familiares para conseguir se libertar e mostrar ao mundo quem realmente são. No entanto, esta decisão nunca é gratuita. Está afetando a ordem das coisas. Agir pela própria vontade pode ter como consequência um dos maiores pecados da humanidade: se sobressair.
“Não. Não pode! Quem você pensa que é para ter feito isso? Se alguém tem o direito de se sobressair aqui sou eu, não você. Você não pode ter feito algo melhor do que eu. Você não pode ter aquilo que eu ainda não tenho. Simplesmente não! Volte para o seu lugar. Volte a ser exatamente o que eu queria que você fosse”.
O ser humano reage extremamente mal ao sucesso do próximo. A sucesso me refiro simplesmente ao fato de algo dar mais certo do que o esperado, longe de entrar âmbito da celebridade. O êxito de quem está longe não incomoda, já que não interfere em sua vida pessoal, não lhe mostra nada sobre o seu cotidiano. Mas o que dói mesmo é ver alguém de seu convívio conquistar algo que você ainda não possui. Mesmo sem você querer, isto joga na sua cara que você também teria condições de ter feito o mesmo, mas nem tentou ou desistiu perante as dificuldades ou somente que você também gostaria de estar recebendo a luz dos holofotes, mas não está. Às vezes, até coisas que não gostamos ou desejamos geram incômodo, só pelo fato da pessoa ter tido coragem de realizá-las. E não estou falando “nossa, como as pessoas são más”, pois muitas vezes não temos culpa. Não temos como controlar nossos instintos mais básicos.
Qual a solução? Na melhor das hipóteses, se afastar daquilo que lhe causa o incômodo. Na pior, acionar a artilharia e massacrar a atitude alheia, na intenção de extinguir aquele foco. O fato é que nenhuma dessas reações é nobre. E são totalmente desnecessárias. Inveja, mesmo que inconsciente, é o sentimento mais inútil que existe. Há um jeito muito melhor e construtivo de lidar com essas particularidades tão humanas.
Ao invés de tentar apagar a estrela alheia, por que não mostrar o que tem de melhor dentro de você, fazendo a sua brilhar tão forte o quanto? Afinal, o que é mais belo? Uma única estrela num céu escuro ou uma noite estrelada espetacular, daquela de encantar os olhos?
Talvez essa seja a fórmula para um mundo melhor: uma sociedade-constelação.
Dizem que somos feitos de estrelas…. então vamos todos brilhar!